terça-feira, 8 de setembro de 2015

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O compromisso da descida

Publicado no Jornal da Paraíba em 13 de maio de 2010.

Finalmente chegamos ao cume da linda montanha. Foi uma escalada complicada, pois éramos um grupo de 70 e tínhamos que chegar lá no prazo programado e numa quantidade razoável, caso contrário a missão seria comprometida. Corremos, nos arriscamos, os mais habilidosos iam à frente, os mais experientes sempre atentos as decisões tomadas logo atrás e todos cientes da visão estupenda que iríamos ver ao chegar no topo. Finalizamos o curso de Introdução à Educação Digital em Olivedos-PB, foi uma empreitada bastante difícil, iniciamos em outubro e tínhamos que concluir ainda em 2009, para alcançarmos a meta de capacitar no mínimo 60 professores e/ou agentes educativos para lidar com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em sala de aula.

De início tínhamos que quebrar os dois principais mitos que envolvem o tema, o de ser vilão ou herói. Deixamos bem claro que a tecnologia é apenas uma ferramenta como outra qualquer, por isto o resultado depende da habilidade de quem usa. Eram muitos os desafios para pouco tempo, então elegemos dois em especial, a conscientização para o uso austero das TICs visando fins pessoais e profissionais e a aquisição de habilidades mínimas.

Na conscientização mostramos ao cursista que existe alguma coisa útil nas TICs além dos sítios de pesquisa e relacionamento, para isto usamos alguns portais de conteúdo específico, softwares dedicados e não dedicados, sítios de serviços, etc. Na aquisição de habilidades mínimas, investimos no uso básico e primário dos navegadores de internet e conteúdo, de email, chat e blogs, da suíte de escritório e de alguns softwares específicos para educação. Relembramos também alguns conteúdos como leitura ascendente, descendente, alguns gêneros textuais como ofício, cartaz, carta, introduzimos alguns portadores como email, blogs, páginas, sítios e portais, sempre com o pé no piso da sala de aula.

Ademais, o tempo e a montanha não ajudavam, alguns ficaram pelo caminho, mas o objetivo era nobre, o grupo não se deixou abater pelas perdas e prossegui em frente, focados no objetivo, então finalmente estamos no cume, todos, habilidosos e experientes, maravilhados pela vista e pelas sensações sentidas no alto. Todos já sabemos das dificuldades que a formação continuada enfrenta em nosso país e para vencê-las laçamos mão de diversas estratégias de ensino como encontros intensivos, aulas à distância, atividades em grupo e muita motivação, principalmente através da exposição de bastante material relevante. Tentamos ao máximo fazer entender que o objetivo principal deste curso era capacitar para o uso da gama de materiais educativos já disponíveis.

Por estranho que pareça, agora vem o mais importante da missão, a descida, pois é nela que fazemos toda a infra-estrutura para o restante da população ter acesso ao que vimos e sentimos lá em cima, nesse momento todos tem igual importância, cada um na sua função e precisam trabalhar para que as escadas e degraus fiquem firmes e largos.

Não queria apenas entregar os diplomas simplesmente, queria também firmar com os cursistas, e sempre expressei esse desejo, o compromisso da descida. Para isto esclarecemos desde o início que todo o conteúdo visto e produzido ficaria a disposição de todos, e como o foco do curso era a sala de aula, muita coisa boa foi disponibilizada. Duas ferramentas bastante poderosas foram elaboradas e trabalhadas, o blog Olivedos Digital e um fórum denominado Grupo de Estudo em Educação Digital onde os professores e agentes educativos da rede podem fazer uso, de forma fácil e rápida, dos benefícios destes dois portadores.

A subida é estressante, problemática e perigosa, mas a descida não, você já traçou um percurso, fica apenas o trabalho de reforçar as cordas, fincar tornos mais fortes e construir os degraus. Não precisamos correr contra o tempo, pois já sabemos as rotas mais seguras e rápidas, agora é só colocar a mão na massa. Para esse fim, estamos com várias ações sendo realizadas, estamos melhorando a segurança de seis escolas da Zona Rural para receberem kits do PROINFO, começamos a fazer upgrade do SO dos PCs das salas do PROINFO URBANO para o Linux Educacional 3.0, plataforma usada na formação por ser mais amigável e estável, planejando e agendando com os professores e agentes educativos atividades para o uso dos laboratórios, bem como revendo a política de acesso e reativando as atividades do blog e do fórum.

Depois da montanha desbravada, podemos sempre que achar necessário, subir e descer, testar as vias, verificar a segurança e muito mais, podemos também procurar novos rumos, agora com mais experiência. Quanto a isto, a plataforma Freire e as Universidades estão cheias de montanhas a nossa espera.

Suzélio Anibal Leonardo
Tutor

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Discernimento

Discernimento

Publicado no Jornal da Paraíba em 07 de outubro de 2009.

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos; outras há, que gargalham de alegria por saber que os espinhos têm rosas”. Confúcio. Estamos todos abismados com os recentes acontecimentos, é cartão vermelho no Senado, arquivamentos, pedidos de demissões, descobertas de riquezas, desenvolvimento econômico, etc., temos que chorar ou dar gargalhadas? Desde meus 12 anos estou dando novas respostas a esta pergunta.

A partir da minha adolescência, quando vislumbrei a filosofia yin - yang e esta frase, passei a verificar a dualidade da existência. Tinha consciência da reciprocidade, mas por causa do apelo de Confúcio exaltando os espinhos das rosas e o imediatismo adolescente, tomei logo o partido dos que choram os espinhos, era esse lado o virtuoso. No ápice de minha adolescência, diante do atual cenário brasileiro, xingaria bastante a política e os corruptos, compreendia que esse lado podre tinha que existir, mas não admitiria tanta complacência. Essa batalha me rendeu muitas vitórias, mas sempre faltava alguma coisa.

Na minha juventude, em meio aos estudos de graduação e muitas reflexões, me deparei com outra visão, a descoberta de que os espinhos têm rosas. Ela veio como o sol em um dia chuvoso, revi todos os meus conceitos e convicções e comecei a trabalhar nesta perspectiva.

Deixei o imediatismo de lado e passei a analisar as coisas, pesar e medir todas as decisões, avaliar, testar todas as alternativas, inventar novos procedimentos, pois tinha uma meta, encontrar a rosa nos espinhos. No ápice de minha juventude, diante do atual cenário brasileiro, iria analisar, ver as virtudes de todos os envolvidos, procuraria ver a importância destes personagens em cada caso, até que as rosas desabrochassem. Essa batalha me rendeu muitas frustrações, mas tive momentos de extrema felicidade.

Não sou mais adolescente, ao ver uma rosa não agarrarei de imediato, pois sei que depois irei chorar seus espinhos, também não sou um jovem, não vou ficar procurando rosas em todos os talos, pois sei que muitos terão apenas espinhos. Nossa nova democracia também está passando por esta crise de identidade, como ela é quase da minha idade, sofremos juntos estas transições, no auge de nossa adolescência, fomos pintados pedir o impedimento de um presidente que a pouco julgamos perfeito e de tudo que é sujo na política, mas ficou apenas no presidente. No auge de nossa juventude nos orgulhamos pelas conquistas do excepcional operário a frente deste país e ficamos insistindo para que o resto tenha a mesma competência, mas poucos aderiram a causa.

As duas faces apareceram e nenhuma nos completou, seria o fim? Se esta filosofia fosse estática sim, mas vi que o mais importante é que ela é intrínseca e dinâmica, e sua força motriz é o discernimento. Quanto menos discernimento, menos ela gira e estamos sujeitos a opiniões e conseqüentemente regimes totalitários. Nossa história mostra os generais que não choravam os espinhos, pois não os reconheciam e um magnífico Getúlio, que se achava uma rosa entre muitos espinhos desnecessários. Renovei minha esperança no futuro, vi que a roda está mais dinâmica, então estamos agindo com mais discernimento.

Professor Suzélio Anibal Leonardo.

sábado, 27 de junho de 2009

O gargalho da Língua Portuguesa

Minha relação com a Língua Portuguesa é permeada de amor e ódio, digna de romances como Romeu e Julieta e outros. Desde que me lembro, sempre gostei de imaginar o que era lido para mim e posteriormente o que eu lia, as imagens surgiam cristalinas a minha frente, cheias de encantos, sons, cores, etc. Interessava-me por tudo que podia ser transformado em cenas, já a regra não me interessava, pois não conseguia imaginar separadamente sílabas, sujeitos, predicados, verbos, etc. Esse sempre foi meu calcanhar de Aquiles.

A mais de um ano me aventuro na escrita de alguns textos para publicação e atrevido como sempre fui, decidi falar sobre os grandes temas: educação, cidadania, democracia, etc., na esperança de ser lido e discutido, objetivo principal de todo escritor.

Num destes textos discorri sobre o “GARGALHO” da educação brasileira, comparando com um efeito semelhante que acontece com computadores. Há dias atrás, ao ler um comunicado do Ministério da Educação, vi pela primeira vez, se não me falhe a memória, o governo se pronunciar para acabar com o “GARGALO” da educação brasileira. Veio-me a alegria e a tristeza, vi que minhas palavras poderiam ter ecoado, levando com elas minhas virtudes e fraquezas.

Revoltado por cometer um erro de grafia tão infantil culpei minha cultura, pois desde que me conheço como gente falo gargalho e não gargalo, mas isto não é desculpa, pois falei com propriedade de um fenômeno que estudei em um dos mais renomados livros de informática, escrito por Grabriel Torres e o termo gargalo estava corretíssimo. Passei a culpar meus procedimentos de escritas, mas como foi recomendado por um conceituado escritor, reli e refiz umas 40 vezes este texto antes de enviar para a redação e reli mais umas 20 vezes depois de publicado e não atinei para tamanha desatenção.

Por fim me conformei, pois ao nascer nos casamos com nossa língua e como bem aconselha a Bíblia aos casamentos conflituosos, não podemos segurar o óleo com as mãos.

Também não fui o primeiro nem serei o último, esses dias pude presenciar uma gafe incrível em uma superprodução do cinema mundial. No final de um filme, ao apagar um texto, o ator aperta a tecla delete e o cursor em destaque apaga da direita para a esquerda, sabemos que o delete apaga da esquerda para a direita.

Tem outra pior ainda, recentemente o congresso promulgou e o governo regulamentou uma emenda à Constituição Federal e antes mesmo de entrar em vigor completamente ela sofre uma ação direta por inconstitucionalidade. Como pode uma emenda constitucional ser inconstitucional?

Sei que tudo isto foi motivo de gargalho, os conhecedores do vocabulário não perdoam gafes deste tipo, a regra é clara! Nem tanto, recentemente vi um dos responsáveis pelo novo vocabulário brasileiro se explicar porque “reescrever” não foi colocado com hífen e a explicação não me convenceu.

Se a inspiração aparecer continuarei escrevendo, ser publicado, lido e discutido já é outra história. Peço apenas desculpas com esta modesta errata por este e por futuros equívocos que eu cometa.

Professor Suzélio Anibal Leonardo

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nação democrática e cidadã

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 13 de novembro de 2008

Todos os anos as epidemias de dengue pelo Brasil a fora nos aterroriza e mostram o quanto nossa cidadania é frágil. Na dengue, na educação, na política, bem como em diversos âmbitos da sociedade esta fragilidade produz efeitos desastrosos, basta ver os hospitais, assim como os presídios cheios.
Como sabemos, a dengue é transmitida por um mosquitinho, este mosquitinho se desenvolve apenas em água parada, então para acabar com a dengue temos que acabar com a água parada de nossa casa. Todos seguindo a receita vinculada na mídia estar tudo acabado, então vem o pulo do gato, como este mosquitinho não consegue voar por sobre várias residências para ir para sua casa, “basta você se certificar que seus vizinhos de parede estão adimplentes com as recomendações” para você está livre definitivamente deste mal.
Com a educação o procedimento é o mesmo, temos que fazer o dever de casa e nos certificar de que nossos vizinhos também o fizeram. Têm apenas dois agravantes, os humanos conseguem andar muito mais que os mosquitos e a falta de educação é uma doença silenciosa. Sendo assim, morar em bairro nobre e educar nossos filhos não nos coloca a margem das mazelas, existindo, elas sempre nos assombrarão por mais distante que estejam. E por incrível que pareça, quando a doença não mata rapidamente é mais difícil isolar e acabar sua epidemia, veja o caso da Aids, como ela passa um período de latência é quase impossível isolá-la.
Veja uma história verídica de cidadania, certa vez uma criança de meu convívio foi passar algumas semanas em um país desenvolvido, na casa de familiares, depois de quatro dias essa residência foi visitada por dois policiais e uma assistente social atendendo denúncia de que tinha uma criança brincando na rua em horário escolar.
Com um olho no peixe e outro no gato, vimos uma das principais lições de cidadania - a eterna vigilância. Até aqui foi vista a cidadania na dimensão do Povo, vamos agora para segunda, mas não menos importante, o Estado.
Em um chamado quase desesperado pela educação disse: "O desafio do Brasil no novo milênio está lançado, é a justiça social e a arma é a educação. Vivemos num duelo constante, isto é inerente ao ser humano, o nosso problema é que quando o juiz diz, escolham as armas, elas não vêm em pares, cada parte (classe social) tem a sua, uma diferente da outra. Este duelo será sempre injusto para os que perdem".
Cabe ao Estado, através dos poderes correspondentes, arbitrar este duelo atribuindo e executando normas (leis) e verificando sua correta aplicação.
Na democracia, conseguida a duras penas, a nação está nas mãos do Povo, então para termos uma nação cidadã teremos que ter um Povo cidadão.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O GARGALHO(GARGALO) DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 28 de agosto de 2008.

Ao relacionar analogicamente educação e informática cheguei a constatações, no mínimo inusitadas. Alguns problemas e suas soluções, apesar da incompatibilidade, lhes são comuns.
Inicio com o problema da popularização, na informática e na educação a solução foi à diminuição de custos, aliada aos incentivos fiscais (FUNDEB-OUTROS).
O outro problema comum às duas citadas é o gargalho(gargalo), na informática esse problema ocorre no barramento que faz a comunicação entre o processador e a memória. Consideremos que o processador é um gerente, a memória é um fichário e o barramento é uma pessoa que leva e traz a ficha para ser assinada. Nos últimos anos, a velocidade e capacidade dos processadores (gerentes) e das memórias (fichários) evoluíram muito, mas o barramento (pessoa) continuou levando e trazendo ficha na mesma velocidade. Criou-se o gargalho(gargalo), mesmo que o gerente (processador) assinasse o papel rapidamente e existisse muito papel no fichário (memória), os dois tinham de esperar o tempo de ida e vinda da pessoa (barramento).
Na educação pública brasileira o gargalho(gargalo) surgiu da seguinte situação. Suponhamos que o processador é o aluno, a memória é a educação e o barramento é a escola. Como anteriormente, a velocidade e a capacidade do aluno e da educação evoluíram muito, mas a escola, responsável pela ligação, continuou na mesma, regulando o sistema por baixo.
Na informática as alternativas para resolver o gargalho(gargalo) seria o aumento do barramento fisicamente e/ou o aumento de pulsos por clok (instruir o barramento a transportar duas ou quatro informações a cada percurso). Na educação seria escola em tempo integral e/ou aumentar a quantidade de informações transmitida (melhoramento didático-pedagógico). Pasmem, a segunda opção está sendo a escolhida nos dois casos.
Com essa comparação, levanto duas questões importantíssimas para a educação pública brasileira, a popularização e o gargalho(gargalo). Como a primeira está quase superada, temos que abrir os olhos para a segunda, pois é ela o freio desse país e não adianta acelerar e frear ao mesmo tempo.
Demonstramos que o gargalho(gargalo) é tão grande, quão for à distância entre os envolvidos e na educação ele se torna perigoso por não haver ociosidade nas outras partes. Sabendo disso, avalio que esse problema da educação pública do Brasil, pode até ser resolvido com melhoramentos didático-pedagógicos em certas realidades, mas em outras será muito difícil. Para as classes sociais onde as crianças estão com alto grau de vulnerabilidade e a educação tem que atuar em todos os campos culturais, só uma escola que ocupe o aluno em tempo integral, com a máxima eficiência, poderá concorrer com os agentes educativos que atuam nestas áreas.
Com exceção da comparação feita (penso), todos já sabíamos das questões acima, o que me preocupa é que em algumas enquetes e pesquisas sobre o assunto, escola em tempo integral, quando é levantada, sempre vem como última alternativa. Convenhamos, em certas realidades do nosso país, só escola em tempo integral e melhoramento didático-pedagógico resolverão este problema.
Em uma das minhas defesas radicais deste assunto, disse: “se tivéssemos escola em tempo integral, os alunos teriam que aprender e os professores teriam que ensinar, pois não haveria outra coisa para fazer no dia todo, os professores ou procurariam sempre atualizar-se ou iriam padecer em sala de aula e o governo ou pagava bem ou não haveria professores, seja por inanição ou falta de oferta”.
Prof. Suzélio Anibal Leonardo – Email: suzelio@hotmail.com

O Manifesto Comunista redespertou?

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 09 de outubro de 2008.

Estava folheando uma apostila do manifesto de Marx e Engels e ao ler uns destaques, feito por mim, tive um estalo, será que o velho manifesto estaria despertando novamente? Os trechos estão entre aspas.
“Portanto prepara crises (a burguesia) mais extensas e mais destrutivas, diminuindo os meios de evitá-las”. Fomos surpreendidos recentemente com todo esse furdunço na economia mundial, megabancos declaram falência e demissão em massa, ameaçando as maiores economias do mundo.
Coincidência ou planejamento? Seria o cenário atual uma coincidência? Teria os usuários desses serviços, de alguma forma, provocado à falência desses bancos? Muito estranho, pelo que conheço de banco, eles não perdem nada pra ninguém. Foi planejado? Teria isto relação com o que o manifesto alerta? Muito arriscado, pelo que conheço de bancos eles não correm riscos.
Despreparo ou competência? Como pessoas despreparadas constroem um império econômico desse tamanho? Muito menos competência, pois esta façanha tinha muita chance de dar errado.
Uma parlamentar estrangeira, muito importante, foi a público recentemente proclamar o fim da farra dos bancos. Teriam eles aproveitado a oportunidade das eleições e a desatenção do Estado e “evaporado com tudo que era sólido” nos preceitos liberais, em favor próprio?
Como se dará o desfecho desta crise? Alguns países optaram por estatizar os bancos, outros por investir dinheiro público nos mesmo, pondo em cheque o orgulho dos liberais, o livre comércio. “O Sagrado tornara-se profano”?
A única filosofia de comércio que conheço é a de um verdureiro pesando cebolas em uma balança de bandejas, ele sabe que a balança nunca se nivelará, mas troca as cebolas até chegar ao melhor resultado, hora para o cliente, hora para o vendedor. Hora perdemos, hora ganhamos e a pesagem tem de ser feita à vista dos envolvidos, para que não fiquem dúvidas nas transações. Quando uma ou mais destas regras são desrespeitandas, o prejuízo para um dos lados é inevitável. “Por fim, o homem é obrigado a encarar com serenidade suas verdadeiras condições de vida e suas relações com a espécie”.
De um lado estão os bancos e do outro o Estado, temos duas soluções a serem usadas, a melhor será aquela que menos causará impactos sociais e econômicos. A burguesia nos ensinou os artifícios do comércio, “ela produz seus próprios coveiros”, se não, seus capatazes. Eles foram apenas desatenciosos e não respeitaram as três regras do vendedor de cebolas. Não podemos cometer o mesmo erro!
Professor Suzélio Anibal Leonardo