sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O que esperamos da Educação?

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 17 de janeiro de 2008.


Nós brasileiros, estamos passando por um importante período de transição, a menos de três décadas saímos de uma ditadura e estamos batalhando para instituir uma “democracia”. Estamos batalhando porque a democracia só será plena quando o povo (mandatário no estado de democracia) for educado em sua plenitude, como cidadão.
Nestes períodos de adversidades, sempre recorro à filosofia para resolver certos problemas. Esta história que descrevo abaixo, retirada do livro de Paulo Coelho, Histórias de Pais, Filhos e Netos, nos remete a uma importante reflexão como cidadão.

"A IMPORTÂNCIA DO GATO NA MEDITAÇÃO

Um grande mestre zen budista, responsável pelo mosteiro de Mayu Kagi, tinha um gato, que era sua verdadeira paixão na vida. Assim, durante as aulas de meditação, mantinha o gato ao seu lado - para desfrutar o mais possível de sua companhia.
Certa manhã, o mestre - que já estava bastante velho - apareceu morto. O discípulo mais graduado ocupou seu lugar. - O que vamos fazer com o gato? - perguntaram os outros monges. Numa homenagem à lembrança de seu antigo instrutor, o novo mestre decidiu permitir que o gato continuasse freqüentando as aulas de zen-budismo.
Alguns discípulos de mosteiros vizinhos, que viajavam muito pela região, descobriram que, num dos mais afamados templos do local, um gato participava das meditações. A história começou a correr.
Muitos anos se passaram. O gato morreu, mas os alunos do mosteiro estavam tão acostumados com a sua presença, que arranjaram outro gato. Enquanto isso, os outros templos começaram a introduzir gatos em suas meditações: acreditavam que o gato era o verdadeiro responsável pela fama e a qualidade do ensino de Mayu Kagi, e esqueciam-se que o antigo mestre era um excelente instrutor.
Uma geração se passou, e começaram a surgir tratados técnicos sobre a importância do gato na meditação zen. Um professor universitário desenvolveu uma tese - aceita pela comunidade acadêmica - que o felino tinha capacidade de aumentar a concentração humana, e eliminar as energias negativas.
E assim, durante um século, o gato foi considerado como parte essencial no estudo do zen-budismo naquela região.
Até que apareceu um mestre que tinha alergia à pelos de animais domésticos, e resolveu tirar o gato de suas práticas diárias com os alunos.
Houve uma grande reação negativa - mas o mestre insistiu. Como era um excelente instrutor, os alunos continuavam com o mesmo rendimento escolar, apesar da ausência do gato.
Pouco a pouco, os mosteiros - sempre em busca de idéias novas, e já cansados de ter que alimentar tantos gatos - foram eliminando os animais das aulas. Em vinte anos, começaram a surgir novas teses revolucionárias - com títulos convincentes como "A importância da meditação sem o gato", ou "Equilibrando o universo zen apenas pelo poder da mente, sem a ajuda de animais".
Mais um século se passou, e o gato saiu por completo do ritual de meditação zen naquela região. Mas foram precisos duzentos anos para que tudo voltasse ao normal - já que ninguém se perguntou, durante todo este tempo, por que o gato estava ali.
Um escritor, que depois de séculos tomou conhecimento desta história, deixou registrado no seu diário: E quantos de nós, em nossas vidas, ousa perguntar: por que tenho que agir desta maneira? Até que ponto, naquilo que fazemos, estamos usando "gatos" inúteis, que não temos coragem de eliminar, porque nos disseram que os "gatos" eram importantes para que tudo funcionasse bem?"

Se nós refletirmos e olharmos para nossa vida bem a fundo, veremos que estamos alimentando inúmeros gatos inúteis, de vários donos.

Dois exemplos bem claros, no meu ínfimo entendimento.

Recentemente toda imprensa se empenhou em divulgar o fim da CPMF. Políticos se mobilizaram para acabar com este imposto. No seu discurso, um deles disse: “esse é um imposto cumulativo e injusto porque só prejudica o pobre”. Qual imposto não se enquadra nestas características?
Espero que os criadores tenham uma boa solução para a morte da criatura, pois eles a mataram; e os que não queriam a criação, ainda lembrem como viver sem ela, pois eles inspiraram a sua morte, ou será que mais uma vez quem vai pagar o preço é o pobre?
Quando se fala em reforma da previdência, a primeira cara que aparece é a de um aposentado compulsório, com a cara cheia de rugas ou um agricultor sofrido do Sertão, que para se aposentar, tem que passar 60 anos tendo que enganar a fome e a morte, seguida da frase, “temos que proteger seus direitos”. Mas na verdade, os direitos que estão sendo protegidos são daqueles que poderiam e deveriam contribuir, mas não o fazem, daqueles que se aposentam por vias escusas, com salários gigantescos e muito mais.
Atentem bem, como estes existem vários. Até gente servindo de laranja para movimentações milionárias por não saber ler ou pior, por má fé em troca de esmolas.
Minhas formações de vida e acadêmica como professor, não me deixa sonhar que, com a educação, iremos acabar com esta situação de alienação, iremos apenas acelerar a saída deste estado.
A fórmula é simples, a educação é o motor e a informação o combustível, precisamos de um motor do tipo “flex”, o Governo tem de fazer tudo o possível para produzir em escala e financiar este motor e o mais importante, a sociedade, todos nós, brasileiros e brasileiras, temos que fazer o possível e o impossível para receber esse bem tão importante urgentemente, pois o pagamos adiantado.

Suzelio Aníbal Leonardo
Professor

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Estamos em construção!