quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O GARGALHO(GARGALO) DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 28 de agosto de 2008.

Ao relacionar analogicamente educação e informática cheguei a constatações, no mínimo inusitadas. Alguns problemas e suas soluções, apesar da incompatibilidade, lhes são comuns.
Inicio com o problema da popularização, na informática e na educação a solução foi à diminuição de custos, aliada aos incentivos fiscais (FUNDEB-OUTROS).
O outro problema comum às duas citadas é o gargalho(gargalo), na informática esse problema ocorre no barramento que faz a comunicação entre o processador e a memória. Consideremos que o processador é um gerente, a memória é um fichário e o barramento é uma pessoa que leva e traz a ficha para ser assinada. Nos últimos anos, a velocidade e capacidade dos processadores (gerentes) e das memórias (fichários) evoluíram muito, mas o barramento (pessoa) continuou levando e trazendo ficha na mesma velocidade. Criou-se o gargalho(gargalo), mesmo que o gerente (processador) assinasse o papel rapidamente e existisse muito papel no fichário (memória), os dois tinham de esperar o tempo de ida e vinda da pessoa (barramento).
Na educação pública brasileira o gargalho(gargalo) surgiu da seguinte situação. Suponhamos que o processador é o aluno, a memória é a educação e o barramento é a escola. Como anteriormente, a velocidade e a capacidade do aluno e da educação evoluíram muito, mas a escola, responsável pela ligação, continuou na mesma, regulando o sistema por baixo.
Na informática as alternativas para resolver o gargalho(gargalo) seria o aumento do barramento fisicamente e/ou o aumento de pulsos por clok (instruir o barramento a transportar duas ou quatro informações a cada percurso). Na educação seria escola em tempo integral e/ou aumentar a quantidade de informações transmitida (melhoramento didático-pedagógico). Pasmem, a segunda opção está sendo a escolhida nos dois casos.
Com essa comparação, levanto duas questões importantíssimas para a educação pública brasileira, a popularização e o gargalho(gargalo). Como a primeira está quase superada, temos que abrir os olhos para a segunda, pois é ela o freio desse país e não adianta acelerar e frear ao mesmo tempo.
Demonstramos que o gargalho(gargalo) é tão grande, quão for à distância entre os envolvidos e na educação ele se torna perigoso por não haver ociosidade nas outras partes. Sabendo disso, avalio que esse problema da educação pública do Brasil, pode até ser resolvido com melhoramentos didático-pedagógicos em certas realidades, mas em outras será muito difícil. Para as classes sociais onde as crianças estão com alto grau de vulnerabilidade e a educação tem que atuar em todos os campos culturais, só uma escola que ocupe o aluno em tempo integral, com a máxima eficiência, poderá concorrer com os agentes educativos que atuam nestas áreas.
Com exceção da comparação feita (penso), todos já sabíamos das questões acima, o que me preocupa é que em algumas enquetes e pesquisas sobre o assunto, escola em tempo integral, quando é levantada, sempre vem como última alternativa. Convenhamos, em certas realidades do nosso país, só escola em tempo integral e melhoramento didático-pedagógico resolverão este problema.
Em uma das minhas defesas radicais deste assunto, disse: “se tivéssemos escola em tempo integral, os alunos teriam que aprender e os professores teriam que ensinar, pois não haveria outra coisa para fazer no dia todo, os professores ou procurariam sempre atualizar-se ou iriam padecer em sala de aula e o governo ou pagava bem ou não haveria professores, seja por inanição ou falta de oferta”.
Prof. Suzélio Anibal Leonardo – Email: suzelio@hotmail.com

O Manifesto Comunista redespertou?

Por Suzélio Anibal Leonardo
Publicado no Jornal da Paraíba em 09 de outubro de 2008.

Estava folheando uma apostila do manifesto de Marx e Engels e ao ler uns destaques, feito por mim, tive um estalo, será que o velho manifesto estaria despertando novamente? Os trechos estão entre aspas.
“Portanto prepara crises (a burguesia) mais extensas e mais destrutivas, diminuindo os meios de evitá-las”. Fomos surpreendidos recentemente com todo esse furdunço na economia mundial, megabancos declaram falência e demissão em massa, ameaçando as maiores economias do mundo.
Coincidência ou planejamento? Seria o cenário atual uma coincidência? Teria os usuários desses serviços, de alguma forma, provocado à falência desses bancos? Muito estranho, pelo que conheço de banco, eles não perdem nada pra ninguém. Foi planejado? Teria isto relação com o que o manifesto alerta? Muito arriscado, pelo que conheço de bancos eles não correm riscos.
Despreparo ou competência? Como pessoas despreparadas constroem um império econômico desse tamanho? Muito menos competência, pois esta façanha tinha muita chance de dar errado.
Uma parlamentar estrangeira, muito importante, foi a público recentemente proclamar o fim da farra dos bancos. Teriam eles aproveitado a oportunidade das eleições e a desatenção do Estado e “evaporado com tudo que era sólido” nos preceitos liberais, em favor próprio?
Como se dará o desfecho desta crise? Alguns países optaram por estatizar os bancos, outros por investir dinheiro público nos mesmo, pondo em cheque o orgulho dos liberais, o livre comércio. “O Sagrado tornara-se profano”?
A única filosofia de comércio que conheço é a de um verdureiro pesando cebolas em uma balança de bandejas, ele sabe que a balança nunca se nivelará, mas troca as cebolas até chegar ao melhor resultado, hora para o cliente, hora para o vendedor. Hora perdemos, hora ganhamos e a pesagem tem de ser feita à vista dos envolvidos, para que não fiquem dúvidas nas transações. Quando uma ou mais destas regras são desrespeitandas, o prejuízo para um dos lados é inevitável. “Por fim, o homem é obrigado a encarar com serenidade suas verdadeiras condições de vida e suas relações com a espécie”.
De um lado estão os bancos e do outro o Estado, temos duas soluções a serem usadas, a melhor será aquela que menos causará impactos sociais e econômicos. A burguesia nos ensinou os artifícios do comércio, “ela produz seus próprios coveiros”, se não, seus capatazes. Eles foram apenas desatenciosos e não respeitaram as três regras do vendedor de cebolas. Não podemos cometer o mesmo erro!
Professor Suzélio Anibal Leonardo