sábado, 27 de junho de 2009

O gargalho da Língua Portuguesa

Minha relação com a Língua Portuguesa é permeada de amor e ódio, digna de romances como Romeu e Julieta e outros. Desde que me lembro, sempre gostei de imaginar o que era lido para mim e posteriormente o que eu lia, as imagens surgiam cristalinas a minha frente, cheias de encantos, sons, cores, etc. Interessava-me por tudo que podia ser transformado em cenas, já a regra não me interessava, pois não conseguia imaginar separadamente sílabas, sujeitos, predicados, verbos, etc. Esse sempre foi meu calcanhar de Aquiles.

A mais de um ano me aventuro na escrita de alguns textos para publicação e atrevido como sempre fui, decidi falar sobre os grandes temas: educação, cidadania, democracia, etc., na esperança de ser lido e discutido, objetivo principal de todo escritor.

Num destes textos discorri sobre o “GARGALHO” da educação brasileira, comparando com um efeito semelhante que acontece com computadores. Há dias atrás, ao ler um comunicado do Ministério da Educação, vi pela primeira vez, se não me falhe a memória, o governo se pronunciar para acabar com o “GARGALO” da educação brasileira. Veio-me a alegria e a tristeza, vi que minhas palavras poderiam ter ecoado, levando com elas minhas virtudes e fraquezas.

Revoltado por cometer um erro de grafia tão infantil culpei minha cultura, pois desde que me conheço como gente falo gargalho e não gargalo, mas isto não é desculpa, pois falei com propriedade de um fenômeno que estudei em um dos mais renomados livros de informática, escrito por Grabriel Torres e o termo gargalo estava corretíssimo. Passei a culpar meus procedimentos de escritas, mas como foi recomendado por um conceituado escritor, reli e refiz umas 40 vezes este texto antes de enviar para a redação e reli mais umas 20 vezes depois de publicado e não atinei para tamanha desatenção.

Por fim me conformei, pois ao nascer nos casamos com nossa língua e como bem aconselha a Bíblia aos casamentos conflituosos, não podemos segurar o óleo com as mãos.

Também não fui o primeiro nem serei o último, esses dias pude presenciar uma gafe incrível em uma superprodução do cinema mundial. No final de um filme, ao apagar um texto, o ator aperta a tecla delete e o cursor em destaque apaga da direita para a esquerda, sabemos que o delete apaga da esquerda para a direita.

Tem outra pior ainda, recentemente o congresso promulgou e o governo regulamentou uma emenda à Constituição Federal e antes mesmo de entrar em vigor completamente ela sofre uma ação direta por inconstitucionalidade. Como pode uma emenda constitucional ser inconstitucional?

Sei que tudo isto foi motivo de gargalho, os conhecedores do vocabulário não perdoam gafes deste tipo, a regra é clara! Nem tanto, recentemente vi um dos responsáveis pelo novo vocabulário brasileiro se explicar porque “reescrever” não foi colocado com hífen e a explicação não me convenceu.

Se a inspiração aparecer continuarei escrevendo, ser publicado, lido e discutido já é outra história. Peço apenas desculpas com esta modesta errata por este e por futuros equívocos que eu cometa.

Professor Suzélio Anibal Leonardo